[CONTEÚDO] Crowdsourcing, o poder das multidões

Conceito democrático e colaborativo promove o engajamento do público na comunicação das marcasO termo crowdsourcing foi empregado pelo jornalista Jeff Howe pela primeira vez em 2006, na revista norte-americana Wired. O crowdsourcing remonta ao conceito de 2004 de outro jornalista norte-americano, James Surowiecki, que escreveu A Sabedoria das Multidões. No livro, Surowieki defende basicamente que a diversidade de ideias múltiplas e descentralizadas em conjunto são fortemente embasadoras para a tomada de decisões corporativas, em vez de uma ou outra voz falando por todos.

Amplamente democrático, este raciocínio de inteligência coletiva ganhou adeptos rapidamente – e globalmente.O conceito de crowdsourcing diz respeito à criação coletiva e à agregação de informações, o que foi amplamente otimizado pela Internet. A percepção de Howe foi a de que a produção colaborativa de algo de valor era promissora, havia demonstrado grande sucesso e tornava-se, então, uma tendência empresarial, agregando valor às marcas.

A ideia é que as “multidões”, ou “massas”, sejam responsáveis pelo conteúdo, que se as “deixem produzir por nós”. Em exagero, pode-se comparar essa alegoria da multidão como agregadora de pensamentos e valores à filosofia, que, para Heiddeger, “implica uma mobilidade livre no pensamento, um ato criador que dissolve as ideologias”. A criação e a produção que levam ao agir, como define, exagerando um pouco mais na abstração, o livre arbítrio cristão, promovem comportamental e psicologicamente um profundo enraigamento do Ser baseado no livre ato de pensar e, mais, de exprimir seus pensamentos através da linguagem. Sendo assim, a base do fundamento do crowdsourcing, que nada mais é que aceitar, implementar e criar plataformas para a liberdade de expressão, só poderia ser promissora.

Esse processo foi experienciado em 1995 pela IBM quando lançou o Linux, sistema operacional colaborativo de software livre. Outro exemplo que Howe gosta de citar é da própria Google, neste caso referindo-se à adoção de estratégias de gerenciamento, em que os funcionários votam nas decisões da diretoria. E, finalmente, a Wikipedia, enciclopédia online usada como referência em todo o mundo que foi e é constantemente construída por todos os usuários de Internet, que colaboram com informações em uma plataforma chamada, portanto, open-source.

O sucesso da Wikipedia, criada em 2001, foi tanto que o nome Wiki passou a ser sinônimo de colaboração e surgiu o termo Wikinomics, ainda em 2006, para designar o compartilhamento de informações entre profissionais de uma mesma área em prol da inovação empresarial. A exemplo dos programadores do Linux. Ou, mais recentemente, da Procter & Gamble, que agregou mais de 1,5 milhão de pessoas em seu networking extensivo a profissionais “terceirizados” para o desenvolvimento de produtos, em que as melhores soluções são premiadas. Para a divisão da Pringles, precisavam de tecnologia de impressão na batata frita, que uma pequena padaria na Itália já desenvolvia e licenciou para a P&G, o que rendeu o lançamento de uma inovação com um baixo investimento em menos de um ano.

Terceirizar, ou ao menos levar para o lado de fora das empresas, as decisões sobre seu próprio potencial criativo, é a chave do crowdsourcing levado a cabo em uma estratégia de marketing. Comportamentalmente, os consumidores opinam, sugerem; as empresas abrem espaço em seus sites, em seus blogs, em suas redes sociais para esse ambiente colaborativo. A velha caixinha de sugestões deu lugar a uma exponencial e produtiva “caixona” de decisões, que potencializam o valor da marca perante seu público, como defende Peter Doyle: “conquanto a diferenciação crie reconhecimento, ela não cria, necessariamente, preferência. Para criar preferência uma marca tem de possuir valores agregados positivos”. E esses valores agregados são cada vez mais criados pelas poderosas “multidões”.

Case Harley Davidson

A Harley Davidson lançou nova campanha que permite a customização de motos no site da companhia. O consumidor pode escolher as especificações e cores para o modelo Harley Davidson 1200. O projeto, chamado de “No Cages” (Sem Jaulas), abriu o briefing da campanha na Internet com o objetivo de atrair ideias de todo o mundo para o novo comercial da marca, em um claro exemplo de crowdsourcing integrado, utilizando também o Twitter para propagar o projeto colaborativo. O vencedor, Whit Hiler, de Kentucky, EUA, expandiu o conceito de liberdade da moto e explorou no seu roteiro de vídeo a questão da libertação. Assista:

Este é um case bastante objetivo que aponta o princípio básico do crowdsourcing para integrar as empresas e seu público: por ser ouvido e ter influência direta sobre o produto e sua divulgação, o consumidor sente-se amplamente beneficiado pela marca que já admira e que possui uma identidade muito bem definida, neste caso construindo constantemente uma imagem moderna para além de uma fabricante de motocicletas.

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