Orgânico. Termo que está na moda e, mais do que isso, reflete comportamentos. 

Do grego organikós, a palavra assumiu uma série de significados. O que se pretende avaliar neste artigo é aquele que está ligado à organização e ao funcionamento dos indivíduos. Se algo é como um órgão do corpo humano, pressupõe-se duas características essenciais: circularidade e suscetibilidade à mudança.

Complicado? Basta pensar, por exemplo, na circulação sanguínea. Agora, transpondo este conceito para a realidade comunicacional, as hemoglobinas são os meios de comunicação entre o ambiente externo, que é o oxigênio, e o interno, que são as células. Os consumidores/clientes/públicos e todos os stakeholders de uma marca são seu oxigênio. Não é possível manter-se sustentável sem este fator.

As células são o funcionamento organizacional e suas estratégias. O fato é que tanto um quanto outro mudaram com novos comportamentos. A ligação entre as moléculas de oxigênio e entre as células do corpo institucional está cada vez mais baseada na união pelo sentimento de alteridade.

Parece paradoxal. E é exatamente essa a magia do processo: entender que as as moléculas, assim como as células, se movem e se aglomeram porque, apesar de uma série de fatores que as unem, são todas diferentes, únicas e precisam de complementariedade.

As ações são variáveis e nunca se repetem. Sendo assim, a contradição, sempre muito bem-vinda historica e filosoficamente, ao impactar os terrenos racionalizáveis do marketing de estratégia, exige esforços constantes de observação. Como clínicos médicos e radiologistas, sempre atentos às hemoglobinas.

O fluxo de informação está muito mais ligado a ações e inter-relações em rede dos colaboradores e stakeholders do que em funções ou cargos pré-definidos. Isso porque as pessoas são diferentes, e suas habilidades e seus impactos na Organização não são necessariamente intrínsecos a uma nomeação. E isso exige esforços de análise de perfis.

Assim é um processo orgânico, cíclico e flexível, disposto a esforços de percepção incessantes. Há uma crônica interessante que serve de exemplo como referência sobre o que não é aceitável em uma estrutura orgânica de gestão, seja em estratégia comunicacional ou não.

Havia quatro macacos em uma jaula e, para adestrá-los, toda vez que subiam para pegar banana, tomavam um banho de água. Assim, aos poucos, cessaram as subidas, foram vencidos pelo cansaço. Até que um quinto macaco foi introduzido no ambiente e, sem saber por que, começou a adotar o mesmo comportamento dos demais, que o impediam de subir. Ou seja, replicou atitudes sem esforços de percepção.

Repetir ações apenas de forma ordenada e pontual, obedecendo a critérios pré-estabelecidos, pode ser um grande erro, ou pelo menos um desperdício de oportunidades. Ao contrário, o desafio da comunicação orgânica é adotar estratégias para a tomada de decisões oportuna.

A eficácia de uma decisão está diretamente relacionada à base de informações que a sustenta e que deve, portanto, ser constantemente trabalhada e gerenciada de forma analítica. As informações, neste caso, são eficazmente obtidas, classificadas, formatadas, distribuídas e utilizadas em um setor ou intersetorialmente.

No setor específico da Comunicação Empresarial, mudar o foco, diversificar investimentos em mídias e potenciais oportunidades de divulgação espontânea, não subutilizar ferramentas inovadoras e, sobretudo, entender e flexibilizar as influências da marca no público e do público na marca são apenas alguns exemplos de tomadas de decisões com base em sistemas de comunicação orgânica, capazes de impactar também – e este é o objetivo final – em todos os demais setores da Organização.

Estamos falando em nada mais do que uma intensa percepção baseada em princípios teóricos e práticos e em experiências particulares de cada empresa, capazes de embasar o planejamento de estratégias personalizadas, o que exige esforço de se imbuir de um Projeto ou Marca, entender de modo intrínseco suas particularidades e a de seu público e agir de forma contínua mas não estanque.

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